Quando lemos uma boa história de ficção, abandonamos por um tempo nossa personalidade para viver a vida dos personagens – como escreve Émile Faguet em “A Arte de Ler”. Construímos imagens em nossa mente e suscitamos em nós os sentimentos que circulam pela trama. Ao fecharmos o livro, estes sentimentos e imagens continuam circulando em nosso interior e se misturam com a nossa personalidade, agora retomada.
A leitura de ficção, combinada com estudos teóricos e supervisão, é uma excelente ferramenta na prática clínica psicanalítica.
A Literatura melhora a empatia que sentimos pelo outro. Quando presenciamos situações vividas por personagens (um relacionamento rompido; uma profunda falta de sentido na vida; a perda de alguém próximo…) simpatizamos com o seu sofrimento e ampliamos a nossa própria vivência. Ao escutarmos um paciente em situação semelhante, podemos compreendê-lo melhor.
Narrativas fortalecem os músculos da imaginação. Quando um(a) paciente conta uma situação, precisamos imaginar a cena para que possamos vivenciá-la e compreendê-la. A leitura é um ótimo exercício para isto.
Histórias de ficção podem aprimorar nosso entendimento teórico e, consequentemente, a qualidade na prática clínica. Muitos conceitos abstratos tomam forma nas tramas literárias. As vicissitudes da fase oral não poderiam ser melhor compreendidas no conto “João e Maria”? Os mecanismos psíquicos de um sonho não estariam presentes em “Alice no País das Maravilhas”?
A leitura de ficção enriquece nossa prática clínica. E você? Tem lido alguma obra de ficção?
Autor: Eduardo Amaro, Membro Associado do ESIPP.
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