Quantas perdas você teve desde o início da pandemia? Esse questionamento tão inquietante pode-se ter inúmeras respostas, da noite para o dia o mundo depara-se com a perda da liberdade, da rotina, das conexões face a face e tudo aquilo que era considerado seguro, conhecido e familiar. Repentinamente perde-se o mundo presumido e o medo do desconhecido ganha espaço considerável no cotidiano das pessoas. Porém, a pior perda e mais avassaladora é aquela que trás consigo dor, sofrimento e saudade: a tão temida morte!
O cenário atual trás consigo uma imensa incerteza sobre um futuro imprevisível, pouco é possível planejar e ter perspectivas em longo prazo. Quantas datas e ocasiões importantes foram perdidas ou adiadas? Entende-se o quanto foi preciso abrir mão de desejos latentes e adaptar-se a um “novo normal”. Tornou-se necessário encontrar um novo formato para manter os laços afetivos, buscando outras formas de se relacionar e de convivencia. Devido às restrições de contato o isolamento social foi se tornando parte da rotina, a solidão interna e externa foi ganhando espaço e o grande desafio se tornou apropriar-se de si mesmo, uma busca profunda do seu verdadeiro eu.
As consequências da crise gerada pelo covid-19 têm diversas implicações no âmbito social, laboral, acadêmico, econômico e impacto direto na saúde física e mental da população em geral. Assim, é possível avaliar o aumento de sintomas de ansiedade, estresse e depressão, além de propiciar sentimentos de medo, frustração, impotência e insegurança. Deparar-se com a fragilidade e vulnerabilidade de nossa existência decorrente de um vírus – inimigo invisível que se tornou uma arma biológica letal, uma ameaça sem possibilidade de defesa, tornou-se uma experiência desafiadora.
A proximidade do vírus acometendo pessoas ao nosso redor gerou uma angústia de morte na qual remete uma sensação de aniquilamento. Quando a doença se instaura, junto vem o caos – a catástrofe. A internação hospitalar trás consigo a constatação da gravidade e o risco de morte iminente, sendo assim, muitas reações psicológicas são desencadeadas. Em muitos casos o processo de luto inicia-se muito antes da morte real acontecer, especificamente nos casos de covid-19 temos um grande impeditivo no processo de luto normal decorrente da impossibilidade dos familiares estarem lado a lado com o paciente. Quando a morte acontece há um rompimento de um vínculo significativo não só com a pessoa propriamente, mas também com as crenças, valores, sentimentos, sensações e rotinas. A partir dai a vida não é mais a mesma, quando se vivência um luto o sofrimento e a dor inundam o peito, mas com o passar do tempo estes sentimentos vão se amenizando, aprende-se a viver sem aquela pessoa e a conviver com uma lacuna dentro de si.
Por fim, entendemos que nenhum de nós sairá igual deste momento – E como sairemos? Descobriremos juntos!
Autora: Caroline Farias, Membro Associado do ESIPP.
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